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Entrevista com o Grão Mestre Frank Yee

Entrevista concedida em Outubro de 2012.

 

 

Grão Mestre, em primeiro lugar é uma honra e privilégio de tê-lo aqui hoje e obrigado por partilhar um pouco dessa entrevista com  nosso filiados.  É uma ocasião especial para nós escutar suas idéias sobre o Kung Fu e sermos abrilhantados pelo senhor.

  - O último Jogos Olímpicos foi em Londres e estamos indagando por quê  o Kung Fu ainda não está nas Olimpíadas. A yee's Hung Ga já participou de muitas competições internacionais. O senhor deseja e acha possível que o Kung Fu entre nos Jogos Olímpicos?

  Nas olimpíadas já havia outras artes marciais antes do Kung Fu se increver, como o Taekondo, Judô, greco-Romana e boxe. Como essas artes começaram antes e fizeram uma boa promoção tiveram um bom reconhecimento. 
  O Wu Shu Chinês é parecido com a ginástica olímpica no parte de formas. Por outro lado, o San Da é similar ao Judô, Boxe e Taekondô. Essa é a razão da dificuldade dessas modalidades  entrar nas Olimpíadas.
  Na minha opinião, se o Kung Fu quiser ser incluído, sugiro que o estilo seja o Tai Chi Chuan. O Tai Chi Chuan tem a vantagem de ser praticado não só como Forma mas como exercício. Ele é suave  comparado a outras artes marciais olímpicas. Além disso pode ser praticado por todas as idades e é mais popular que o Wu Shu.
  Hoje em dia, todo mundo treina Tai Chi Chuan para beneficiar a saúde mas não podemos esquecer da sua marcialidade.
  Eu mesmo já falei com o encarregado do conselho de Wu Shu para entrar com o Tai Chi Chuan e foram bem receptivos a minha proposta. Mas disseram que iriam increver o San Da também.


    - O Senhor começou praticando Kung Fu muito cedo com o seu pai. Como isso influenciou o seu futuro?  Algum dia você imaginou que seria um Grão Mestre e ter academias ao redor do mundo?

    Já no começo do meu treinamento eu tinha em mente que queria ser artista marcial. Depois de me formar na Universidade George Brown, como engenheiro mecânico, segui meu caminho marcial.
Meu Pai já treinava Kung Fu quando eu era garoto e isso com certeza me influenciou. Um dia vi meu pai (Yee Yuin)  se defender de mais de 10 pessoas de uma vez e  fez isso sem se machucar. Desse dia em diante eu quiz ser como ele e ser um artista marcial.
Porém, meu pai estava sempre ocupado com o seu trabalho e não tinha tempo de me treinar. Ele estava treinando Hung Ga e me levou a um mestre famoso no estilo, Yuen Ling. Esse dia foi especial para mim e eu treinei com meu mestre até o dia da sua morte.
 

  -Quando o senhor vê uma país diferente da China, como o Brasil e Estados Unidos, praticando Kung Fu, aprendendo sobre a cultura e história Chinesa, o que o senhor sente?

    Em 2003 fiz um programa de TV onde ensinava Hung Ga 6 meses ao ano, quase todos os dias. Esse foi um dos programas de TV mais populares da TV de Cantão. Mais tarde esse programa foi vendido também para alguns países de Ásia como Coréia e Japão.
  Na minha opinião, o Kung Fu Chinês foi usado como um negócio. Usam o nome Shao Lin para abrir escolas. Dessas, algumas ensinam a verdadeira arte marcial porém não são muitas.
  Na Europa e Estados Unidos se treina Kung Fu para Defesa Pessoal. No Brasil eu suponho que as pessoas gostam de Kung Fu e praticam já a algum tempo. Fico feliz que perdure até hoje.



    - Como foi a experiência de mudar para o Canadá e por quê decidiu para os Estados Unidos? Como isso influenciou a expansão do Kung Fu?

    Quando tinha 16 anos (1968), imigrei para o Canadá com meus pais. Lá ensinava Kung Fu para ter uma renda extra. Ensinei na famosa Associação Hung Moon, no Centro de Comunidade Chinesa e na Universidade George Brown.  O Centro de Comunidade Chinsa de Nova York nos convidou para fazer um seminário representando o Canadá no Ano Novo Chinês. Nesse período achei que tinha uma melhor oportunidade de promover minha arte nos Estados Unidos. Assim, fui para Nova York ensinar Kung Fu.



  - O senhor tem uma associação  onde os seus discípulos mais empenhados treinam Kung Fu e vivem de graça lá. Pode nos contar mais a respeito disso?

No ano de 1984 fui convidado pelo governo Chinês para trocar conhecimentos de artes marcias no país. Descobri que eles estavam promovendo somente o Wu Shu (Moderno) e não estavam dando importância para o Kung Fu Tradicional.
  Há mais ou menos 20 anos, mesmo fazendo seminários ao redor no mundo, decidi voltar para China e ensinar o Kung Fu Tradicional,
  Ensino Kung Fu 9 meses ao ano na China. Há vinte anos, as pessoas na china eram pobres e não tinham dinheiro para pagar mensalidade. Eu usei o dinheiro que ganhei nas Artes Marciais para ensinar em Taisan(província de Cantão) de graça.  Muita gente lá gosta de Artes Marcial Tradicional e por isso toda aula havia uma média de 100 alunos.
  Eu escolho uns 10 alunos comprometidos. Pago salário para eles e alugo um local para eles morarem. Tudo que els precisam fazer é treinar Kung Fu sobre minha tutela. O acordo é: precisam ensinar e promover o Hung Ga para a próxima geração.
  Depois de anos ensinando na China, participamos do primeiro campeonato de Kung Fu Tradicional. Levamos primeiro Lugar nas Categorias de  Mãos Livres, Arma Longa, Arma Curta e Formas em Grupo.  Também fomos o primeiro lugar na Dança do Leão Tradicional.
  Hoje, muitos dos meus discípulos são Sifus e a maioria tem sua escola ou ensinam em uma grande instituição na China.

 

  - Você também estudou Medicina Chinesa Dit Da. Qual a sua opinião sobre os benefícios desta arte marcial para saúde corporal e mental.

  Quando aprendi Kung Fu com o meu Mestre anos atrás, ele também me ensinava medicina Chinesa. Isso porque aundo se treinava Kung Fu se machucava muito. Aprender Dit Da você pode se tratar e cuidar de seus alunos.

  Naquela época se usava a medicina chinesa também para ganhar um dinheiro extra
  Na minha opinião, um artista marcial precisa de 4 requisitos:
Conhecimento marcial (Wen)
Virtude Marcial (Wu De)
Medicina Chinesa (Dit Da)
Filosofia Chinesa (Dao)
  Se você só sabe lutar, você só é um lutador mas não um artista marcial.



  -  O Senhor é o único discípulo do Mestre Yen Ling que dedicou sua vida a ensinar Kung Fu Tradicional. Pode nos falar sobre isso e a importância do ensino para essa arte marcial?

​  Meu Sifu Yuen Ling tinha muitos alunos bem sucedidos. A maioria dos meus Si Hings(irmãos) tem seus empregos e  negócios próprios. Em Hong Kong, onde aprendi Kung Fu, os alugéis são muito caros. Por isso a maioria dos dos professores só ensinam meio período.

Sou o único, que eu saiba, a ensinar período integral por estar nos Estados Unidos. Mas ainda treino com meus irmãos todo ano em Hong Kong.

Grão Mestre Frank Yee, muito obrigado por essa entrevista.





Entrevista feita por Ana Lúcia.
Tradução e transcrição:  Alex Lo (Lo Hsiang Chi)

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